domingo, outubro 14, 2007

O Sopro do Vento

Tudo mudou
E não me peça pra explicar
Não sei os passos exatos
Nem sei por onde começar
Também não sei o começo
E nem aonde tudo vai parar
Só sei que o primeiro passo fundamental veio do vento
Pois foi o vento quem soprou...

quinta-feira, agosto 30, 2007

Longe Tempo

As vezes, quero isolar o tempo
E continuar a minha vida como se não dependesse dele
E ver o tempo passar sem transcorrer as horas
E ver tudo acontecer no momento de estar pronto

As vezes, quero me isolar do tempo
E deixá-lo passar para os outros
E deixá-lo passar tendo alguns comigo
E ver o futuro no presente
E poder me inserir no tempo sem medo

As vezes não quero o tempo
Nem vê-lo passar para mim
Nem vê-lo passar para os outros
Nem saber de suas promessas não cumpridas
Muito menos de suas surpresas

As vezes, quero apenas dormir.

terça-feira, julho 10, 2007

Paródia

Quando a gente conversa
Já não há nada pra ser dito
Não há mais nada em comum
Nem mesmo os velhos segredos
E eu não sei mais o que fazer
Eu tenho medo
Eu nem posso dizer que te amo
Eu não vou te ganhar, é engano
E eu nem posso dizer que eu te amo tanto
O tempo ainda passa arrastado
Mas vc não está do meu lado
Eu choro as dores do meu amor
E vc sequer as ouve de mim
E eu não sei mais o que fazer
Eu tenho medo
Eu nem posso dizer que eu te amo
Eu não vou te ganhar, é engano
E eu nem posso dizer que eu te amo tanto
Eu já nem sei se eu tô misturando
ah! Eu perco o sono
Lembrando em casa riso teu qualquer besteira
Quem nem devia mais estar em minha cabeça
E eu nem posso dizer que eu te amo
Eu não vou te ganhar, é engano
Mas eu preciso dizer que eu te amo tanto...

quinta-feira, junho 21, 2007

A (Re)Volta

Calaram-se os dedos. Eles estão de greve.
Mas calaram-se como, se estão a digitar cada letrinha?!
Não sei, mas calaram-se.
Recusam-se a participar dos meus textos.
Mas, ora, o que é que há com eles que só querem saber de bater papo?!
Hunf...Danadinhos.
Só querem saber de curtição e fofoca, não é?
E qual foi a nova da vez? A morte de ACM?...
Ah! Que nada! A morte é sem volta, e do que importa ACM vivo ou morto se a política está "morta"?
Morre a política junto com a esperança do povo. Morre quando vemos escorrendo pelo ralo nossos votos de confiança, ou pelo menos a vontade de um país melhor. E morre parte de nós também quando ficamos sem perspectiva de melhora de vida. Viver num país falido é complicado! E mais complicado ainda quando esse país é falido pela corrupção que existe nele.
Lamentável, lamentável.
Mas, sim, aonde eu estava mesmo?!
Ah! Falando dos meus dedos....Pois é, acho que agora eles resolveram falar, afinal, olha só eu no final de mais um de meus textos, han?!
Ai, que saudade de escrever!...Não sou nada sem as palavras, não sou ninguém sem expressão.
E quem dera fosse gênia das palavras...e quem dera dera ter o dom de brincar com elas como quem brinca de apontar as estrelas no céu. Mas embora ainda me falte experiência, ainda que me faltem vocábulos, sinto-me privilegiada pelos humildes textos que ainda escrevo, e gozo do prazer de ver transcender o meu pensar nessas minhas poucas palavras.
Escrever é uma arte!...E eu faço questão de aprimorá-la no meu ser.

quinta-feira, maio 17, 2007

19 Outonos

O que falar dos outonos que vivi? Embora não tenham sido muitos, chuvas não me faltaram.
E foram tantas chuvas, que vi o meu jardim brotar e florir margaridas e rosas. E foram tantas chuvas que já o meu solo lixiviar. Mas no fim das chuvas sempre, sempre, vi o sol raiar e, logo em seguida, a primavera surgir pra renovar as folhas secas que cairam no outono...

Ps.: Parabéns para mim =D

sábado, maio 12, 2007

(sem título)

Por voltas me pergunto como é possível que pessoas as quais nunca tivemos contato, de repente, surjam em nossas vidas e se tornem tão importantes. Paro pra pensar e percebo que sem elas eu não seria a mesma pessoa, pois elas nos influenciam muito mais do que podemos imaginar. Vejo o quanto apredi com elas, vejo o quanto aprendemos juntos, e isso é maravilhoso.
É maravilhoso senti-las conosco mesmo que não tão presentes em nossas vidas, afinal, todos seguimos nossos próprios caminhos e, na maioria das vezes, caminhos distintos. Ainda que distantes, amigo que é amigo está sempre por perto, no pensamento, na saudade, em encontros casuais. Amigos estão sempre com a gente na memória, no carinho, na consideração. Amigos estão sempre presentes no nosso jeito de ser, num trejeito, numa mania, numa opinião comum, até mesmo nos argumentos, na evolução e transformação dos nossos conceitos. Amigo é um ser especial que nos torna especiais, adoça nossas vidas. E eles surgem assim, sem que e nem pra quê e, no fim, são muito mais do que simples amigos, são os alicerces da vida, a família que a gente escolheu.

*Dedico esse texto a todos os meus amigos.

quarta-feira, maio 09, 2007

Saudade

Hoje eu me lembrei de o que é saudade. Saudade é aquele aperto no peito e aquela vontade de ver alguém que gostamos muito. Saudade é aquela sensação inexplicável de querer aproveitar presenças, de querer reviver as lembranças. É uma necessidade incontrolável.
Saudade é Saudade. Saudade não tem tradução, nem explicação. A gente sente saudade do passado, e também sente saudade do presente. Sentimos saudade de quem tá longe, e também sentimos de quem tá perto. Temos, simplesmente, saudade. E não adianta tentar falar, não adianta tentar tranformar em palavras, pois só quem a sente sabe as sensações e o verdadeiro sentido da SAUDADE.

quinta-feira, abril 05, 2007

O Grito da Desilusão

Só porque amo
Só porque sabe que eu amo
E sabe o quanto eu amo
Ou talvez não saiba o quanto
Mas que eu amo, amo!
E você sabe disso.

Só porque gosto de você
E resolvi lutar
Mesmo arriscando perder
Resolvi tentar
Tentar conquistar você
Tentando te acordar
Acho que me afoguei nos meus sonhos
Mal consigo nadar.

Perdi parte do mel da minha vida
Perdi os sonhos e a esperança
Estou de mãos atadas
Fadigada de sofrer por Aquilo que não vou ter
E Aquilo, pode-se dizer
É o meu Amor
E que, num grito desesperado
Se desiludiu...

sábado, março 31, 2007

O Incerto

Sou o meu canto calado
Sou o meu cavalo alado
Vôo sem saber meu destino
Vou seguindo meu incerto caminho

Ando pelas nuvens de algodão
Viajo pelos céus no meu balão
Desenho meus brinquedos com uma vara de condão
Modelo a massinha com as mãos

Corro pro castelo encantado
Mas escuto o meu grito assustado
Não sei se é certo ou errado
Mas pulo o muro ao lado

Não fujo do que eu quero encontrar
Tenho medo de arriscar
Mas se a felicidade estiver por lá
Me jogo de cabeça num suposto suicídio.

sexta-feira, março 30, 2007

Menina-mulher

Sou boba, menina
Menina-mulher
Boba mulher

Sou pequenina
Jeito de menina
Menina-moça
Menina-mulher
Boba mulher
Grande mulher

Sou criança
Sou menina
Ser mulher a vida ensina

Sou muleca
Sou sapeca
Mas sou mulher
É coisa certa

Mulher-menina
Menina-moça
Ingênua e doce
Forte e feroz
Jeito de menina
Sorriso de muleca
Desajeitada como criança
Determinada
Encorajada
Cabeça feita de Mulher

quinta-feira, março 29, 2007

Crônica da Felicidade

Toc, toc, toc.Olho a chuva pela janela e ouço as batidas na porta. Recrutada no sofá da sala, aquecida apenas pelo estofado e um casaco de lã, observo os ponteiros do relógio. Tic-tac, tic-tac, tic-tac. Vou seguindo o ponteiro dos segundos num olhar fixo.Começou com um primeiro movimento, agora ja se passaram 360. O vento sopra nas paredes da casa, as batidas na porta continuam. Nada altera a minha concentração, nem mesmo a zuada provinda das latas de lixo derrubadas pelo gato, na calçada. Estou nos 500 segundos e a solidão me acompanha. Levanto-me e sigo até a cozinha. Preparo um chocolate quente. Volto para o sofá. O silêncio paira em minha conciência e também no ambiente, cantam apenas os ponteiros do relógio. A chuva acalmou-se lá fora. As batidas na porta ja cessaram, o meu chocolate ja esfriou. Conto a casa dos 4000 segundos após novamente acomodar-me no sofá. E o meu pensamento solitário e vazio remoendo a minha solidão contínua. As minhas pernas dormecem, estão exaustas de manterem-se numa mesma posição. Então espreguiço-me. Movimento todos os músculos do meu corpo e procuro relaxar, mas o ócio de minha mente me angustia, me anseia. Um frio na barriga impede a minha tranquilidade. E depois de ter passado tanto tempo despercebido, olho novamente para o relógio, já não conto os segundos, algumas horas se passaram. A madrugada iniciara e adentrara nos pensamentos que construí. Levanto-me então com o objetivo de recolher-me para o quarto, mas antes, dirijo-me até a porta. Quem batia tão insistentemente nela? O gato que se abrigara do frio em minha varanda espantara-se ao me ver abrir a porta. No chão um lindo buquê de rosas vermelhas e um cartão que dizia "Há muito tempo que te amo, e só agora tive coragem de vir aqui e te falar". Saí pela rua a fora à procura da assinatura que faltava no cartão. A chuva retornara. No deserto e na escuridão fui obrigada a voltar para casa. Estava encharcada porém alegre. Ser feliz, agora, só dependia de mim, de ver as pessoas da maneira correta. O sol começara a raiar lá no horizonte, e junto com ele nascia a minha esperança. A Felicidade acabara de brotar da semente adormecida em meu coração.

Texto escrito por: Nicole Príncipe Carneiro da Silva [2005]

Recomeço

Tu...tu...tu...o som do telefone ocupado se mistura com o gotejar da torneira da cozinha. Desligo o telefone e pego o jornal. As mesmas notícias de sempre - assassinatos, seqüestros, as mesmas roubalheiras no congresso nacional de deputados e senadores. Os escândalos não mudam. O cenário sofisticado da minha casa também não. Não me falta conforto, não me falta comida, mas a chuva lá fora torna tudo ainda mais entediante.
Olho pela janela, vejo as gotas da chuva brilharem com a luz do poste, mas convenhamos, o poste não serve para nada mais além disso, afinal uma lâmpada de 100 watts não será capaz de dar a iluminação adequada a uma via de passagem de carros e pedestres à noite.
Começo a circular pela sala...frescor agradável, silêncio absoluto, exceto pela torneira que não pára de pingar e a chuva que mal se pronunciara – com o ambiente quase hermeticamente fechado, as ondas sonoras não conseguiram atravessar até o interior na sala.
É estranho, muito estranho você estar num lugar tão grande e sem nenhuma companhia, exceto (novamente) pelo gato que às vezes abre o olho, boceja e logo em seguida volta a dormir bem próximo ao abajur ligado.
Sento-me então à mesa de jantar, puxo um lápis e uma folha de papel (que já estavam por ali) e começo a rabiscar. Rabisco, rabisco e no fim não sai nada de concreto. Ah, mas que droga! Será que não existe nada de interessante para se fazer numa noite solitária e chuvosa como essa?! Então empurro o papel e jogo o lápis sobre a mesa. Levanto-me com vontade de chutar a cadeira, olho para ela, respiro fundo e coloco-a exatamente como estava - na linha perfeita em relação à suas recíprocas.
Pego a minha capa de chuva e o meu chapéu, vou dar uma volta na rua. A chuva riscando os meus óculos parece querer me poupar a visão. E quando chego próximo ao viaduto, me deparo com alguns mendigos. Estes estão deitados em pedaços de papelão imundos, com roupas rasgadas. Cobrem apenas parte do corpo com mais papelão. Os ratos são seus únicos companheiros além deles mesmos. Como é cruel ver tudo isso.
Alguns desses mendigos dormem, os que não dormem, no entanto, me olham assustados, outros me recriminam. O que mais me choca é aquela mãe com uma criança nos braços que não para de chorar. A mãe está tentando niná-la, fazê-la dormir...Pobre criança, nem imagina o futuro que a espera, se é que ela pode esperar por algum futuro.
Num ato espontâneo, pedi à mulher que me desse seu filho para que eu o segurasse. Ela olhou para o lado e um homem retornou o olhar com reprovação, porém ela, como aquele semblante infeliz, estendeu a criança até minhas mãos, e eu, como se nunca tivesse sentido tanta emoção na minha vida, coloquei-a junta ao meu peito, por debaixo da capa que estava usando. Foi com o calor do meu corpo que a criança acalmou-se. Aquela mãe mostrou-se tão espantada quanto aliviada, não somente ela como todos que presenciaram o acontecimento. Assim que a criança dormiu eu a devolvi para sua mãe. Não foi preciso dizer nada, mas eu sabia o quanto aquela mulher estava grata.
Voltei para casa pensativo...deixei os sapatos no tapete de entrada, levei a capa e o chapéu para a área de serviço. Estávamos encharcados. Fui então tomar um banho quente, bem quente, e enquanto a chuva continuava a cair lá fora, aquela ducha de água quente escorria sobre minha cabeça, sobre o meu corpo, e eu continuava a pensar. Pensava na minha solidão, pensava naquelas tragédias do jornal, pensava naqueles mendigos, e em especial naquela criança. A criança não me saía da cabeça.
Vesti o meu pijama, segui em direção ao meu quarto, deitei-me na cama, mas não conseguia dormir. Já era mais de meia-noite e o sono não chegava. Peguei o telefone disquei o teclado da memória. Chama...Chama...Alguém atendeu: Alô?
-Alô, filho, sou eu, seu pai
-Ah pai, é você?!...poxa, mas olha a hora! Amanhã tenho que estar na faculdade bem cedo! Que é que foi, hein?
-Nada, filho - falei quase engolindo a voz – É que me lembrei de você hoje. Amanhã é seu aniversário, não é?
- É sim, pai – ele respondeu sem paciência – mas você nunca se importou mesmo, pra você nem faz diferença se você tem filho ou não, agora, por favor, me deixe dormir!
- Está certo, meu filho. Mas antes de desligar eu preciso te dizer uma coisa.
- Ah pai, fala logo, eu to morrendo de sono!!!
- ...(então tentei engolir meu choro) - filho, eu só quero que saiba que eu amo você, e apesar dos erros que cometi durante todos esses anos, você é, foi e sempre será a melhor coisa que aconteceu na minha vida....
Tu...tu...tu...tu...Estava sendo muito difícil me controlar. Desliguei o telefone antes que pudesse ouvir uma rejeição. As lágrimas escorriam pelo meu rosto como um rio que deságua no mar.
De repente, o telefone toca, e antes que eu atendesse tentei recompor a minha voz que estaria rouca de tanto chorar.
-Alô
-Alô, pai?
-Filho! – as lágrimas começaram a surgir novamente, e os soluços apareceram com intensidade
-Ah pai, por favor, não faz isso – a voz dele também pareceu emocionada - eu também te amo. Apesar de o senhor nunca ter sido um pai presente, foi único pai que eu tive.
Ambos choravam ao telefone e se pediam desculpas...Nunca vou me esquecer desse dia. Amanhã tudo será diferente, a começar pela tarde que combinamos de passar juntos.

“Embora não possamos mudar o começo, podemos começar a fazer um novo fim”.

Escrito por: Nicole Príncipe Carneiro da Silva
25/06/2006

quarta-feira, março 28, 2007

Soluços

Ouço soluços lá fora
Na rua, a escuridão predomina
Não há ninguém por perto
Não há estrelas no céu
Só a lua pra iluminar a noite

Ouço soluços lá fora
Já olhei da janela
Já saí porta a fora
Olho em volta, não vejo nada
Ainda ouço soluços lá fora

Lá fora aonde?
Não vem dos becos
Não vem da praça
Não vem do nada...

Ouço soluços lá dentro
Não vem da rua
Não vem do mar
Não vem dos becos
Não vem da praça
Não vem de lá de fora...
[...]Vem de dentro de mim...

sexta-feira, março 23, 2007

Diagrama

Eu já nem sei mais nada
Diante do mundo
Um amor, não tão de repente
Arrebatou minha alma
Rasgou minha carne
Despiu-me de mim mesma
Ofuscou meu universo

Estou desarmada, desviada
Uma vida revirada

Temera amar você
Enquanto já te amava arduamente

Amar, amar, amar...
Mais do que isso
Ociosamente te desejo, te sonho e te realizo no seu próprio ímpetuo

quarta-feira, março 21, 2007

O mercador e o Indivíduo

Um indivíduo senta-se à mesa para tomar o seu chá das 17:00h como de costume. Louça de porcelana revestida por detalhes dourados, de asa peculiarmente desenhada em formato tradicional. Era uma peça rara, daquelas que encontramos em antiquários, de famílias antigas e muito ricas. Para todo e qualquer visitante que aparecesse na sua casa, o indivíduo fazia questão de mostrar que era uma peça original, e não umas dessas réplicas fajutas encontradas por aí em qualquer loja. Ele havia comprado na mão de um viajante que trouxera da Europa e que lhe garantira, àquele conjunto de xícara e pires, não existia outro igual. Só ele o tinha. Era único.
Um dia, um mercador indiano bateu-lhe na porta com uma mala na mão e ofereceu ao indivíduo um jogo de jantar. Este, então, não lhe deu ouvidos e respondeu que não queria, pois já havia a mais bela das louças em sua casa. Coisa linda e sem igual em todo o mundo. Era quase sua impressão digital. O mercador não fez cara ruim, apenas pediu ao senhor que pudesse usar o banheiro e um copo de água. O tradicional homem não recusou e mandou que o indiano entrasse. O banheiro ficava na segunda porta à esqueda do corredor.
No banheiro, o mercador mexeu na maleta. Futucou, futucou, e fechou-a novamente. Já na sala, ele pôde observar a louça em cima da mesa. Bebeu aquela água com muita sede, mas a sede dele não era somente a sede de água. Então pediu mais água. O homem do chá não gostou muito. Achou que já era abuso, mas não se negou. O mercador, então, bebeu essa água com ainda mais sede. Enquanto a água descia goela abaixo, o riso ia aparecendo estranhamente na sua face, porém, disfarçado pelo copo. Terminou o último gole, colocou o copo em cima da mesa, agradeceu e foi embora.
O indivíduo atordoado, dirigiu-se para a biblioteca para ler o jornal, mas quando olhou no relógio, já era quase hora do seu chá. Correu então para a cozinha, colocou a água no fogo, separou os ingredientes do chá - maracujá, maçã e uma colher de sopa de açucar. Foi até a sala para pegar a sua xícara, e junto dela encontrou o copo de água que o mercador indiano havia usado e um bilhete que dizia: "made in taiwan". O indivíduo, injuriado, olha com raiva para aquela louça lançando-a de cima da mesa no chão, partindo-a em vários pedaços.
Há léguas daquela casa, o mercador indiano bate na porta de alguém e oferece uma louça original, peça única que pertencera a uma família rica do passado. Louça de porcelana revestida por detalhes dourados, de asa peculiarmente desenhada...

segunda-feira, março 19, 2007

Poema de Amor em Rock'n Roll

Essa noite eu sonhei com você
Sonhei que não eras um sonho
Sonhei que podia te tocar
Não era um sonho lúcido, era apenas sonho

Essa noite eu não queria sonhar com você
E ter aquilo que não tenho em um mundo irreal
Não era sua presença, era apenas um sonho

Essa noite eu não sei o que aconteceu
Pra sonhar assim com você
Tentando te esquecer, me aparece você
Materializado num sonho pra mim

sexta-feira, março 16, 2007

Mais uma de Amor

Escrever pra dizer que estou com saudades, não vai diminuir o que estou sentindo.
Afagar essa dor que me corrói, é algo que não faz parte do meu domínio.
Que amar é sofrer, isso descobrimos assim que nascemos, mas que nos apaixonar é o mesmo que nos perder, isso só descobrimos com o tempo. E ao nos perdermos, ficamos cegos e surdos.
Alimentamos o nosso próprio mundo num surrealismo profundo.
É verdade, razão e emoção não combinam.
Pelo individualismo do coração somos contaminados, e com o egoísmo da emoção, deixamos a mente de lado. É dificil o coração aceitar as contrariedades da vida. É difícil de se entregar. Porque ele nos ludibria, nos hipnotiza, e quando vemos, nossos pés já estão muito distantes do chão. Quando caímos, é como derrubar em solo asfaltado um cristal de vidro. Sentimos o coração partido em pedaços.

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Se cair, Levante-se!

Foi muito antes de se construirem trens entre a Itália e a Austria que os trilhos que passam por seus alpes foram montados. Embora não soubessem quando os trens passariam por ali, sabiam que um dia eles estariam lá. (Sob o Sol de Toskana)

Eu construo a cada dia que passa uma parte do meu trilho e espero ansiosamente pela chegada do trem. Quando ele aparecerá? Quem sabe...Mas eu acredito na perfeição da minha engenharia, ou na quase perfeição. É com minúncia e cuidado que coloco cada ferragem no meu solo. Nada pode dar errado. Tirar as peças e reencaixá-las é uma tarefa árdua pois exigirá a modificação de toda uma estrutura pré-construída, mas suponho não poder evitar que isso aconteça.

A gente tenta não falhar, assumir o erro, as vezes, dói. Pisa o nosso orgulho, tira nossa moral conosco . É como deixar morrer as pessoas que estão no trem, ou expô-las ao perigo. Nos sentimos culpados. O erro é, muitas vezes, sem volta. No entanto, sem ele, a vida seria uma função constante. Sem picos nem vales, sem graça nenhuma. Seria uma rotina cansativa sem evoluções. Errar é mais do que humano, é quase o inevitável.


A constatação de um erro pode ser imediata ou em doses homeopáticas. Na criação dos filhos, por exemplo, só saberemos quando erramos quando os virmos formados homens e conscientes. Mas uma queimadura é a prova da falta de cuidado no momento, e a dor sentimos na hora.

Se estamos errando, é porque estamos aprendendo. Alguém já viu algum bebê recém nascido andando? Quantas etapas foram necessárias para que este serzinho conseguisse dar os primeiros passos? Quantas quedas e raladuras ele sofreu pra se tornar bípede como todo humano? Inúmeras...Nenhum de nós se envergonha de não ter conseguido nascer sabendo andar. Qual o pai que não sente orgulho de ver o seu filhinho cair no chão e depois se levantar e conseguir se erguer com mais firmeza?!

A vida é assim. Para o mundo, somos todos bebês aprendendo a lidar com as falhas no solo, com os erros dos pais, com os erros dos outros e principalmente, com os nossos erros. Quanto ao trem do início, creio eu que levará ainda um bom tempo para que ele seja montado sobre os meus trilhos, e espero que quando isso aconteça, ele não caia do despenhadeiro dos alpes.

domingo, fevereiro 11, 2007

Versos e Lamúrias

Escrevo porque preciso
Serão nessas linhas que desabarei
Serão nesses versos que me aliviarei das dores
Das dúvidas, inseguranças
Porque não paro de me questionar milhões de perguntas sem respostas
Porque não paro de me cobrar milhões de coisas
Porque não param de me cobrar o que não quero ser cobrada
O que não preciso ser cobrada

Por que as informações giram o tempo todo em minha cabeça
E estou perdida no tempo e no espaço
Porque não sei mais quem sou, nem o que sou
Porque o que me era familiar hoje é tão estranho
Porque quando acho que sei, percebo que não sei
Porque tudo muda o tempo todo
Mesmo que eu não queira mudar

Escrevo porque gosto
Porque gosto de me fortalecer com as palavras
Porque gosto de saber me expressar bem
Porque o papel e o lápis são os meus melhores amigos quando não sei o que fazer
Porque a arte não vai me julgar pelo que sou – ela identifica o meu eu
Porque escrever deveria ser a maior arma do homem
Porque nos textos e poemas os indivíduos são capazes de se enxergarem nos outros
Porque escrever é um dom, ainda que você não tenha nascido com ele

Escrevo porque quando penso que tudo esta perdido
Eu consigo sair do afogamento
Escrevo porque quando penso que não vou suportar a tantas pressões
Eu me prendo ao que sinto e libero em versos diretos
Versos metafóricos

Escrevo porque filosofar sobre a vida engrandece
Escrevo porque é o meu segundo choro
Escrevo quando amo
Escrevo quando odeio

E se algum dia você não me vir escrever
Ainda que o meu coração funcione
É porque não estou viva



Escrito por: Nicole Príncipe Carneiro da Silva
25/06/2006