terça-feira, fevereiro 20, 2007

Se cair, Levante-se!

Foi muito antes de se construirem trens entre a Itália e a Austria que os trilhos que passam por seus alpes foram montados. Embora não soubessem quando os trens passariam por ali, sabiam que um dia eles estariam lá. (Sob o Sol de Toskana)

Eu construo a cada dia que passa uma parte do meu trilho e espero ansiosamente pela chegada do trem. Quando ele aparecerá? Quem sabe...Mas eu acredito na perfeição da minha engenharia, ou na quase perfeição. É com minúncia e cuidado que coloco cada ferragem no meu solo. Nada pode dar errado. Tirar as peças e reencaixá-las é uma tarefa árdua pois exigirá a modificação de toda uma estrutura pré-construída, mas suponho não poder evitar que isso aconteça.

A gente tenta não falhar, assumir o erro, as vezes, dói. Pisa o nosso orgulho, tira nossa moral conosco . É como deixar morrer as pessoas que estão no trem, ou expô-las ao perigo. Nos sentimos culpados. O erro é, muitas vezes, sem volta. No entanto, sem ele, a vida seria uma função constante. Sem picos nem vales, sem graça nenhuma. Seria uma rotina cansativa sem evoluções. Errar é mais do que humano, é quase o inevitável.


A constatação de um erro pode ser imediata ou em doses homeopáticas. Na criação dos filhos, por exemplo, só saberemos quando erramos quando os virmos formados homens e conscientes. Mas uma queimadura é a prova da falta de cuidado no momento, e a dor sentimos na hora.

Se estamos errando, é porque estamos aprendendo. Alguém já viu algum bebê recém nascido andando? Quantas etapas foram necessárias para que este serzinho conseguisse dar os primeiros passos? Quantas quedas e raladuras ele sofreu pra se tornar bípede como todo humano? Inúmeras...Nenhum de nós se envergonha de não ter conseguido nascer sabendo andar. Qual o pai que não sente orgulho de ver o seu filhinho cair no chão e depois se levantar e conseguir se erguer com mais firmeza?!

A vida é assim. Para o mundo, somos todos bebês aprendendo a lidar com as falhas no solo, com os erros dos pais, com os erros dos outros e principalmente, com os nossos erros. Quanto ao trem do início, creio eu que levará ainda um bom tempo para que ele seja montado sobre os meus trilhos, e espero que quando isso aconteça, ele não caia do despenhadeiro dos alpes.

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