domingo, agosto 03, 2008

Namoro, Sexo, Corpo

Um dia até cheguei a pensar que sexo não fazia diferença. Mas só na cabeça daqueles que não deram início a uma atividade sexual isso existe. Por analogia podemos imaginar a paixão por um determinado tipo de comida muito bem aceito por seu paladar. Doces. A maioria das pessoas sentem prazer ao comer doces. O típico brigadeiro de panela, ou doces finos como os de nozes. Mousses, tortas, sorvetes. Porque comer vai além da necessidade, é uma satisfação. E é delicioso.
Agora pense que, de repente, por problemas de saúde, você não poderá mais sentir o gosto daquilo que você tanto adora. O sofrimento não será tanto pela doença, mas sim por nunca mais poder participar deste prazer, por não poder degustar aquele sabor. E é tão doído que muitos chegam a dizer que preferem morrer felizes e comendo do que viver anos sem poder usufruir daquele amor.
O sexo não é diferente. Também é uma necessidade, é um prazer, uma diversão. Um vício. E abrir mão de algo tão satisfatório mexe com seu corpo, com sua mente. É mais do que o romantismo, é a fisiologia do seu organismo entrando em ação.
A relação entre amor e sexo é complexa. O instinto não costuma trabalhar em conjunto com sentimentos. É puro controle hormonal. Mas a paixão também é química. É pele. Amor, paixão, sexo, instinto. É um jogo de muitas variáveis, fatores ocilantes e um ciclo viciante do qual ninguém escapa da dependência. Os instintos se afloram com a paixão, a paixão, às vezes, se confunde com amor. Mas o amor é mais estável, quase uma constante. Evolui, perdura por anos, mas também pode acabar. A paixão arde em hormônios, porém é capaz de fazer nascer o amor.
Difícil é quando todas essas variáveis entram em contradição. AmorX Paixão. Instinto X Razão. Sexo X Amor. PaixãoX Sexo. E aí? Quem é que vence?
Nós, seres humanos, somos racionais mas nem por isso deixamos de ser animais. O instinto pode ser racionalmente controlado, no entanto, nem sempre é assim que acontece. Às vezes, o instinto nos rouba de nós mesmos, e agimos como se fôssemos incapazes de pensar. Isso é natural que aconteça, porém pode ser um agravante nos relacionamentos interpessoais de difícil aceitação, tanto pelo nosso parceiro quanto por nós. Somos todos cheios de sentimentos e passíveis de falhas, e é nisso que as pessoas sentem tanta dificuldade de viver, de conviver e de se relacionarem.
Um casal de namorados, ela moça nova, inexperiente, virgem, ele mais velho, rapaz vivido, independente, estão apaixonados, têm gostos parecidos e se divertem juntos. Até que ponto esse romance é capaz de suportar uma vez que ela não quer transar com ele? Será que o sentimento que eles têm um pelo outro é suficiente para manter esse relacionamento sem sexo?
É aí que voltamos ao doce. É aí que entra a necessidade do organismo. É aí que todos aqueles fatores se exaltam: amor, paixão, instinto, hormônios. O quanto um corpo aliado à mente é capaz de agüentar esse regime fisiológico? O que é mais fácil, romper o relacionamento ou seguir à risca a dieta?
A depender da cabeça do rapaz, de como ele está resolvido com ele mesmo, do quanto ele realmente gosta da moça e tem intenções de ficar com ela, é possível que aceite o resguardo, mas com um certo prazo de validade e que varia entre cada pessoa. Alguns são mais pacientes, tolerantes, outros nem tanto. Mas dizer que sexo não faz diferença e que o que realmente importa é o amor, não faz parte do universo dos jovens sexualmente ativos.

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